No dia em que faz oito meses dos assassinatos da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) e do motorista Anderson Pedro Gomes, a Anistia Internacional recomendou na última quarta-feira (14) que uma comissão externa independente acompanhe as investigações em curso no país. Para a entidade, o grupo deve ser formado por peritos, juristas e especialistas sob o argumento da existência de lacunas em relação ao crime.
A preocupação da organização não governamental é verificar se todas as linhas de investigação estão sendo exploradas, se há negligência e também interferência indevida na investigação criminal. O assassinato ocorreu na noite de 14 de março, no centro do Rio de Janeiro, quando Marielle saía de um evento político. A Anistia Internacional divulgou o documento denominado O labirinto do caso Marielle Franco, que analisa o caso em cinco eixos temáticos, e alerta para ausência de respostas e as informações desencontradas.
A divulgação do documento ocorreu, no Rio de Janeiro, na presença de Marinete e Antônio da Silva, pais da vereadora morta. “A impressão que eu tenho é que nós estamos enxugando gelo. Oito meses passados e nós fazemos as mesmas perguntas e não temos ainda nenhuma resposta. Esse caso é realmente um labirinto”, desabafou a mãe.
Investigações
Para a Anistia Internacional, as preocupações envolvem o andamento das investigações e informações desencontradas por parte das autoridades. Em maio, o chefe da Polícia Civil do Rio, Rivaldo Barbosa, anunciou que a elucidação estaria próxima; logo depois, o secretário de Segurança do Rio, general Richard Nunes, admitiu que a conclusão das investigações poderia não ocorrer neste ano. Houve ainda informações por parte da Secretaria de Segurança Pública do governo federal.
A coordenadora de Pesquisa da Anistia Internacional, Renata Neder, alertou que há um “histórico brasileiro” de assassinatos de defensores de direitos humanos e de baixa resolução de homicídios. Para ela, há indícios que apontam, sim, para a participação de agentes do Estado no crime.
Homenagens
Também para marcar os oito meses do assassinato e celebrar o legado e a memória de Marielle, será lançado, às 18h de hoje, na Câmara de Vereadores da cidade, o livro UPP: a favela reduzida a três letras – Uma análise da política de segurança pública do estado do Rio de Janeiro, fruto da dissertação de mestrado de Marielle em Administração Pública na Universidade Federal Fluminense.
Fonte: Agência Brasil.
Com Paraíba Master.