Na edição de 2018 do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade), só 3,3% dos cursos de faculdades privadas conseguiram atingir o conceito máximo. Segundo dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) na manhã desta sexta-feira (4), de 7.276 cursos de instituições particulares, só 240 ficaram com o conceito 5. Já entre as instituições públicas, essa taxa sobe para 20,3%.
O cálculo considera as instituições particulares com ou sem fins lucrativos, que somam 7.259 cursos, e inclui 17 cursos de instituições especiais (que são estaduais ou municipais, mas não são gratuitas, e contaram com 807 estudantes no exame).
Já o grupo de instituições públicas inclui 1.244 cursos de universidades e institutos gratuitos das redes federal, estaduais e municipais.
Considerando todos os 8.520 cursos, menos de 6% deles tiveram conceito 5, percentual semelhante ao registrado nos cursos avaliados em 2017. Segundo o Inep, outros 301 cursos ficaram sem conceito no Enade 2018.
Entenda o Enade 2018
- O Enade é o exame aplicado pelo governo federal aos estudantes “concluintes”, ou seja, que estão no último ano da graduação. Cada curso é avaliado a cada três anos;
- No Enade 2018, fizeram as provas mais de 460 mil estudantes de 8.821 cursos de 1.791 instituições – fazer a prova e preencher o questionário socioeconômico é condição para os estudantes se formarem;
- O exame tem 40 questões no total, sendo que 25% são sobre a formação geral e 75% sobre o componente específico de cada formação. A nota final do participante varia de 0 a 100;
- Os cursos avaliados foram os de bacharelado das áreas de ciências sociais aplicadas, ciências humanas e áreas afins, e os de tecnologia de gestão e negócio, apoio escolar, hospitalidade e lazer, produção cultural e design;
- Do total de 463.242 participantes do Enade 2018, 127.385 eram estudantes de direito e 99.616 estudavam administração;
- O Conceito Enade é um dos indicadores de qualidade da educação superior, e é calculado para cada curso a partir da média ponderada da nota de cada concluinte, considerando peso maior para a prova de conhecimento específico.
Rede privada é maioria
As instituições particulares têm a maior participação no ensino superior em número de matrículas e cursos. No Enade 2018, 84,8% dos participantes estavam matriculados em uma faculdade privada ou especial, e quase metade deles eram estudantes de direito ou administração.
Considerando os 392.243 participantes do Enade que estudavam em faculdades privadas ou especiais, só 37.461 (ou 9,5% do total) conseguiram tirar nota acima de 60 na edição de 2018 do Enade.
Já entre os 69.299 estudantes de universidades públicas (federais, estaduais ou municipais) que fizeram a prova, 16.138, ou 23,3% do total, tiraram nota a partir de 61.
O ministro da Educação, Abraham Weintraub, afirmou nesta sexta que os resultados podem estar relacionados à seleção das universidades – vestibulares em instituições públicas tendem a ser mais concorridos – e a uma possível “sabotagem” dos alunos.
“Uma pessoa vai faz a prova e não consegue acertar, acerta 10% das questões eu acho que a pessoa não deveria se formar. Não deveria ter o diploma. Hoje tem a punição. Se a pessoa não fizer que é o atraso da colação. A gente podia fazer uma etapa a mais. Se a pessoa chutar ela já consegue 20%. A gente tem uma série de sugestões, tudo vai passar pelo congresso. A gente pensou que é mais fácil é que pessoas que tenham nota acima de 60% a gente poder divulgar que as pessoas estavam nessa faixa. Eu acho que quem faz 0 a 20% foi sabotar”, afirmou o ministro da Educação, Abraham Weintraub.
Secretariado e jornalismo tiveram maior média
Considerando a nota média geral de cada carreira, que varia de 0 a 100, o curso de tecnologia de secretariado executivo teve a pontuação mais alta (53,2%), seguido do curso de bacharelado em jornalismo (51,2%).
Já os cursos de administração, ciências contábeis e ciências econômicas ficaram com as notas médias mais baixas: 38,4%, 37,1% e 36,7%, respectivamente.
Notas médias dos cursos de bacharelado e tecnologia avaliados no Enade 2018 — Foto: Ana Carolina Moreno/G1
Qualidade EAD x presencial
Os dados divulgados pelo Inep nesta sexta-feira mostram que os cursos na modalidade de ensino a distância tiveram desempenho semelhante, em termos relativos, aos cursos presenciais no Enade 2018. Embora o número total de cursos seja bem menor (563 cursos a distância contra 7.957 presenciais), a porcentagem de distribuição na escala de conceitos foi quase a mesma.
No caso do conceito máximo, porém, os cursos EAD tiveram ligeira vantagem: 6% dos cursos a distância avaliados tiveram conceito 5, contra 5,8% dos cursos presenciais.
“Uma das coisas que chamou atenção é que não houve uma diferença significativa do resultado entre pessoas que fizeram curso a distância e as pessoas que fizeram presencial. Mostrando que essa preocupação com a queda de qualidade com o ensino a distância para as áreas do conhecimento que foram avaliadas a gente não percebe uma diferença significativa”, afirmou o ministro da Educação, Abraham Weintraub.
A qualidade dos cursos EAD, segundo o Conceito Enade 2018, foi semelhante à dos cursos presenciais — Foto: Ana Carolina Moreno/G1
Paraíba Master com G1