A agência de classificação de risco de crédito S&P elevou nesta quarta-feira (11), de estável para positiva, a perspectiva para o rating de longo prazo em moeda estrangeira do Brasil, hoje em BB- (três degraus abaixo do selo de bom pagador).
Embora preveja que a relação dívida/PIB do país deva continuar a crescer nos próximos três anos, a agência citou a perspectiva de melhora da posição fiscal do país, após a aprovação da reforma da Previdência e com a perspectiva de continuidade da agenda fiscal em 2020, embora o risco de reveses continue material.
A S&P foi a primeira a retirar o grau de investimento do país em 2015.
Em entrevista à Folha em outubro, a analista principal da S&P para o rating soberano do Brasil, Livia Honsel, disse que a melhora da nota dependia de medidas para reduzir o déficit e estimular o crescimento de longo prazo.
A expansão do PIB em 2020 já era vista como um fator fundamental tanto para a melhora da nota como para o apoio parlamentar à agenda econômica.
Em novembro, a agência Fitch manteve o rating do Brasil em BB-, também três degraus abaixo do grau de investimento, e afirmou ver risco na instabilidade do governo Bolsonaro e no andamento das reformas econômicas na área fiscal.
O governo tem destacado que, atualmente, o risco-país do Brasil medido pelo CDS (Credit Default Swap) de cinco anos está no menor patamar em mais de seis anos, mas a nota de crédito ainda não reflete isso.
O índice funciona como um termômetro informal da confiança dos investidores em relação a economias, especialmente as emergentes, e sua queda pode indiciar uma melhora futura no grau de investimento do país.
Nesta quarta-feira (11), o CDS está em 109 pontos, menor patamar desde maio de 2013, quando o Brasil ainda tinha o selo de bom pagador.
No início do mês, o secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, disse esperar que, nos próximos meses, pelo menos duas agências de classificação de risco colocassem a nota de crédito do Brasil em perspectiva positiva, ou seja, com indicação de que o país subirá um degrau na escada que o separa do grau de investimento.
“A perspectiva é muito boa [de ter melhora na nota de crédito do Brasil em 2020]. Se a gente persistir nas reformas o upgrade é questão de tempo”, afirmou o secretário.
No mesmo dia, o ministro Tarcísio Freitas (Infraestrutura) disse que o país caminha para retomar o grau de investimento. “O que está faltando para o rating melhorar? Uma pequena ideia de crescimento. Se a gente começa a mostrar que está crescendo, essa nota de risco vai ser corrigida”, afirmou o ministro.
Com Folha de São Paulo