Toda vez que vira alvo de ataques na imprensa internacional, o presidente Jair Bolsonaro gosta de repetir que o seu ídolo, o presidente norte-americano Donald Trump, também é duramente criticado. Ocorre que, pelas últimas atitudes do brasileiro no combate à pandemia de Covid-19, analistas estrangeiros passaram a vê-lo como uma versão piorada do norte-americano.
“Há uma clara comparação. Ambos reagiram com negação e rejeição à ciência. Mas Bolsonaro tem sido um negacionista mais consistente do que Trump, que vai e volta em seus posicionamentos. Ele também é abertamente mais autoritário do que Trump, porque tem mais laços com milícias e elementos do Exército”, diz a VEJA Steven Levitsky, professor de Ciência Política de Harvard e autor do livro Como as Democracias Morrem.
No início da pandemia, o cientista político Ian Bremmer, presidente global da consultoria Eurasia, já havia dito que, perto de Bolsonaro, Trump parecia Winston Churchill, o primeiro-ministro inglês que passou para a história como um dos grandes estadistas do século XX.
Nesta semana, Bolsonaro foi tema de reportagens de uma série de veículos estrangeiros. Uma das que fizeram mais barulho – sobretudo no mercado – foi publicada por Gideon Rachman no Financial Times, considerada a bíblia do jornalismo econômico, cujo título é “Populismo de Bolsonaro está levando o Brasil ao desastre”. Ele iniciou o artigo citando uma conversa que teve com um agente do mercado financeiro, segundo a qual “Bolsonaro e Trump eram similares”, mas o brasileiro seria “mais estúpido”.
Com o Brasil e os Estados Unidos como o novo epicentro da Covid-19, os paralelos ficaram inevitáveis, mas há diferenças. Enquanto Trump propagandeou que estava tomando a cloroquina e declarou apoio a atos que pediam a reabertura do comércio, Bolsonaro perdeu dois ministros da Saúde por causa do remédio e participou ele mesmo de pelo menos três manifestações contra as quarentenas nos estados.
Por: Paraíba Master com VEJA