Após o DEM anunciar oficialmente que liberou o voto da sua bancada na eleição para presidente da Câmara dos Deputados, o ainda presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que pode aceitar um pedido de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
A ameaça foi feita por Maia no domingo (30), durante a reunião da executiva do seu partido que decidiu abandonar o apoio à candidatura de Baleia Rossi (MDB-SP) ao comando da Câmara. Rossi é o candidato de Maia.
O encontro da sigla foi convocado pelo presidente nacional do partido, ACM Neto, após diversos parlamentares manifestarem interesse em votar em Lira. A decisão representou uma derrota para Maia e Rossi e uma vitória para Arthur Lira (PP-AL), líder do Centrão e candidato apoiado pelo Palácio do Planalto.
Um dos principais expoentes do movimento contra o apoio à candidatura de Rossi foi o deputado Elmar Nascimento (DEM-BA). Ele é um dos principais caciques do partido e se sentiu traído por Maia, que não apoiou a sua pré-candidatura e preferiu dar apoio a Rossi, que é do MDB.
Segundo o blog das jornalistas Andrea Sadi e Natuza Nery, Maia disse a aliados que o racha no DEM foi provocado pelo grupo de Bolsonaro. Ele acusa o Planalto de estar tentado comprar o “Parlamento”, numa referência aos R$ 3 bilhões em obras liberados a 285 parlamentares e a suposta distribuição de cargos na Esplanada dos Ministérios em troca do voto em Lira.
Abalado com o rompimento do seu partido, Maia teria dito a interlocutores que não teria outra alternativa a não ser aceitar um dos pedidos de impeachment contra o presidente da República. Há 59 pedidos na mesa de Maia. Um pedido de impeachment só começa a tramitar se autorizado pelo presidente da Câmara. A decisão é monocrática.
Para abrir um pedido de impeachment, Maia teria de tomar essa decisão ainda nesta segunda-feira (1º). A partir das 19 horas, começa a eleição para presidente de Câmara. O favorito para ganhar a disputa é Lira. Ou seja, são as últimas horas de Maia como presidente e com poder de abrir um pedido de impeachment.
Em dois anos à frente da Câmara durante a gestão Bolsonaro, Maia nunca aceitou um pedido de impeachment. Nos momentos mais tensos da relação do Planalto com os demais poderes, Maia se limitou a soltar notas de repúdio e a defender a ordem institucional. Recentemente, afirmou que abrir impeachment contra o presidente tiraria o foco do combate à pandemia e da recuperação da economia.
Por Paraíba Master com Gazeta do povo