Sambista Zé Katimba é homenageado com busto no Espaço Cultural, em JP

Foto: Reprodução
Um dos principais compositores de samba enredo do país, o paraibano Zé Katimba, que participou da fundação da Imperatriz Leopoldinense, foi homenageado com um busto no Espaço Cultural, em João Pessoa. Em contato ao O sambista e amigo de Zé Katimba, Mirandinha Sambista, destacou a importância da ação e disse que faz parte do reconhecimento ao legado do artista.
“Foi uma conquista. Foi instalado ontem, ainda não temos a data da inauguração”, disse ao destacar o samba enredo que simboliza a obra “chama-se, “Somos Iguais”, uma composição de Zé Katimba e Mirandinha Sambista e está gravada nessa placa”. O evento para inauguração do busto deve ser marcado em breve.
O compositor Zé Katimba comemora 93 anos esse ano. Além de ser um dos fundadores da Imperatriz Leopoldinense, Katimba teve músicas gravadas por ícones da música brasileira como: Martinho da Vila, Zeca Pagodinho, Emílio Santiago, Elimar Santos, Demônios da Garoa, João Nogueira, Agepê, Simone, Julio Iglesias, Alcione, Leci Brandão, Elza Soares e Jorge Aragão.
A escultura é do artista plástico paraibano, Marcio Pontes. Atualmente, morando em Portugal, Márcio destacou o desafio de fundir feições em uma escultura de ferro.
“Para mim foi um grande desafio que durou cerca de quatro meses. Fiquei orgulhoso e emocionado. Uma homenagem ao último fundador vivo da Imperatriz Leopoldinense, campeã do Carnaval 2023. Grande desafio enfrentei, do ferro e do aço, consegui extrair as feições do mestre Zé Katimba”, comemorou o artista.
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Zé Katimba
José Inácio dos Santos nasceu na cidade de Guarabira, no Brejo da Paraíba. A infância foi marcada pelas dificuldades financeiras. Chegou ao Rio de Janeiro de navio, saído de Cabedelo. Ele, o pai e a mãe viajaram como clandestinos – o pequeno dormia na cozinha da embarcação.
A primeira lembrança que tem do samba é do tempo no Morro do Adeus, em Bonsucesso, quando tinha 10 anos de idade. Carregava lata d’água na cabeça. Na ida até a fonte, junto com outros meninos, se divertia batucando na lata. Ali na Zona da Leopoldina, em 1959, foi um dos fundadores do Grêmio Recreativo Escola de Samba Imperatriz Leopoldinense. No início, era puxador de corda. Passou a ser compositor que mais ganhou sambas de enredo na escola, até hoje.
Aos 17 anos, fez uma música em homenagem ao velho João Inácio – cordelista, peão de obra e seu pai: “Conviveu com madrugada/como qualquer um de nós/Hoje, está desafinada/sem ninguém, abandonada/sem ilusões, sem amores/A viola, que foi bonita, que o braço só era fita, como qualquer um de nós”. Pura poesia, pura emoção.
Na época da ditadura militar, seu talento, junto com Martinho da Vila – seu principal parceiro -, prestou grande contribuição à música de protesto contra as restrições democráticas. E aí escreveu: “Vamos levantar a bandeira da fé/vamos nos unir que dá jeito/e mostrar que nós temos direito/ pelo menos, à composição/para lutar pelos nossos direitos/temos que organizar um mutirão”. A música ficou censurada por uns 10 anos, até que Luiz Carlos da Vila gravou.
Na década de 70, virou personagem da novela Bandeira Dois, escrita por Dias Gomes para a Rede Globo, num Katimba interpretado por ninguém menos que Grande Otelo. Seu samba Martin Cererê, tema da trama, gravado pela Som Livre, vendeu 700 mil cópias. Katimba continua em plena atividade poética.
Carreira
Com mais de 800 composições gravadas, figuram como seus parceiros, Martinho da Vila seu parceiro mais constante há mais de 40 anos, João Nogueira, João Donato, Jorge Aragão, Alceu Maia, Roque Ferreira, Preto Jóia, Toninho Geraes, Paulinho Rezende, Carlos Colla, Agepê e muitos outros.
Entre os maiores sucessos estão Martin Cererê (Zé Katimba e Gibi), O teu cabelo não nega – Só dá Lala (Zé Katimba/Gibi/Serjão), Do jeito que o rei mandou (Zé Katimba e João Nogueira), Tá delícia, tá gostoso (ZéKatimba/Alceu Maia), Minha e tua (Zé Katimba/Martinho da Vila/Alceu Maia), Recriando a criação (Zé Katimba/Martinho da Vila), Me faz um dengo (Zé Katimba/Martinho da Vila), Me beija, me beija (Zé Katimba/Martinho da Vila), Danadinho, danado (Zé Katimba/Martinho da Vila), Me ama mô (Zé Katimba/Martinho da Vila), Café com leite (Zé Katimba/Martinho da Vila), Jaguatirica (Zé Katimba/Martinho da Vila), Me curei (Zé Katimba e Martinho da Vila) e Festa pros olhos (Zé Katimba/Martinho da Vila).
Paraíba Master com informações do ClickPB