Governadores do Nordeste continuam com problemas junto à Polícia Federal, por conta dos respiradores

Foto: Reprodução/Wikipédia
A Polícia Federal (PF) realizou um minucioso rastreamento da verba destinada para a aquisição de respiradores para atender às demandas da covid. Conforme apurado pelo portal UOL, descobriu-se que a empresa Hempcare, ao receber o pagamento em abril de 2020, não utilizou integralmente os recursos para a compra dos equipamentos. Pelo contrário, a empresa destinou parte considerável desse montante milionário para repasses a terceiros não relacionados ao fornecimento de respiradores.
Esses terceiros, por sua vez, dissiparam os valores recebidos através de novas transferências, demonstrando um esquema complexo de lavagem de dinheiro. Surpreendentemente, durante o rastreamento, a PF identificou que parte desses recursos desviados foi utilizada até mesmo para a compra de carros, revelando um desvio substancial da finalidade inicial dos pagamentos.
A descoberta dessas transações suspeitas levou as autoridades a aprofundarem as investigações e a mapearem toda a rede de pessoas e empresas envolvidas no desvio desses recursos. A complexidade do esquema revela uma operação sofisticada para ocultar o desvio de verbas destinadas à saúde em meio à crise da pandemia.
Investigação da PF encontrou indícios de que os R$ 48,7 milhões pagos pelo Consórcio Nordeste — então presidido por Rui Costa, ex-governador da Bahia e atual ministro da Casa Civil — para a compra de respiradores pulmonares nunca entregues foram desviados pela empresa contratada por meio de sucessivas transferências bancárias. Ao final, segundo a PF, o dinheiro público bancou gastos particulares, como a compra de carros e o pagamento de faturas de cartão de crédito. O UOL teve acesso com exclusividade a detalhes inéditos do inquérito.
Em um intervalo de apenas um mês (8 de abril a 20 de maio de 2020), a empresa Hempcare esvaziou suas contas, transferindo integralmente os R$ 48,7 milhões recebidos do Consórcio Nordeste para diversas pessoas e empresas sem qualquer ligação com a compra de ventiladores.
Em um período inferior a um mês, o dinheiro desviado irrigou a compra de bens de alto valor. Uma das beneficiárias adquiriu um SUV Volkswagen Touareg (R$ 75 mil, em valores da época), um caminhão Mercedes-Benz Accelo 815 (R$ 176 mil) e um Mitsubishi ASX (R$ 76 mil), todos em 2020. Outro destinatário dos repasses utilizou parte dos fundos para quitar R$ 150 mil em faturas de cartão de crédito.
Os recursos serviram até para pagar a mensalidade da escola dos filhos de um dos investigados, segundo a apuração da PF.
“Impressiona verificar que as investigações cuidaram de apontar que até mesmo as faturas de cartões de crédito da investigada, que perfizeram o montante de R$ 149.378,74, foram pagas com valores advindos das contas da Gespar Administração de Bens. Ou seja, com dinheiro originalmente público destinado à compra dos respiradores pulmonares”, aponta um trecho do processo.
Paraíba Master com informações do Money Report