Cortes no orçamento podem comprometer capacidade operacional das Forças Armadas, dizem militares

Divulgação/Exército Brasileiro
Militares alertam à CNN Brasil para risco de “modo sobrevivência” nas Forças Armadas após corte de R$ 2,6 bilhões na Defesa
A contenção de R$ 2,6 bilhões no orçamento do Ministério da Defesa acendeu o alerta nas Forças Armadas. De acordo com apuração da CNN Brasil, oficiais-generais do Exército, da Marinha e da Força Aérea Brasileira (FAB) afirmam que, diante da limitação orçamentária, há risco de faltar recursos já nos próximos meses para combustível de aviões e veículos blindados, aquisição de munição e manutenção de treinamentos.
A avaliação, compartilhada por fontes militares à CNN, é de que, caso não haja reversão do contingenciamento, as Forças poderão entrar em “modo sobrevivência”, com impacto direto em projetos estratégicos de modernização e na capacidade operacional das tropas.
O próprio ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, demonstrou preocupação com o cenário e iniciou discussões com os comandos das Três Forças para reavaliar o orçamento e estudar alternativas diante do corte.
Segundo levantamento do governo, o Ministério da Defesa foi a segunda pasta mais afetada pela contenção nas despesas discricionárias, ficando atrás apenas do Ministério das Cidades, que sofreu um bloqueio de R$ 4,288 bilhões.
Do total contingenciado para a Defesa, R$ 691,9 milhões foram bloqueados — o que significa que só poderão ser liberados com redução de outras despesas —, e outros R$ 1,928 bilhão estão sob contingenciamento, podendo ser liberados apenas com aumento da arrecadação. Ao todo, R$ 31,3 bilhões foram congelados no orçamento federal como parte das medidas para assegurar o cumprimento do novo arcabouço fiscal.
Militares ouvidos pela CNN Brasil destacam que a falta de previsibilidade orçamentária compromete o planejamento estratégico e pode levar ao cancelamento de compromissos, inclusive internacionais. Eles também ressaltam que o corte ocorre em um momento de tensão global, no qual países têm elevado seus investimentos em defesa diante de conflitos geopolíticos em curso.
A Defesa, apontam as fontes, tem sido alvo recorrente de contenções nos últimos anos, o que tem prejudicado a execução de projetos considerados essenciais e adiado a renovação de equipamentos militares.
Durante cerimônia alusiva ao Dia do Exército, em abril, o comandante da Força, general Tomás Paiva, já havia demonstrado preocupação com a baixa capacidade de investimento no setor. Em discurso, ele defendeu atenção redobrada à proteção da população e à soberania nacional:
“Os investimentos em defesa vêm crescendo exponencialmente em todas as regiões do globo, uma realidade que sugere ao nosso País atenção redobrada em relação à proteção dos brasileiros e dos ativos consagrados pela Constituição”, afirmou o general.
Por Paraíba Master