9 de julho de 2025
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Indústria criativa cresce no Brasil e movimenta quase R$400 bilhões ao ano

 Indústria criativa cresce no Brasil e movimenta quase R$400 bilhões ao ano

© Fernando Frazão/Agência Brasil

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O escritor e editor Cesar Bravo, de 47 anos, decidiu mudar de vida em 2011. Após anos atuando como farmacêutico bioquímico, começou a publicar livros de forma independente. Em 2019, largou definitivamente a antiga profissão para se dedicar exclusivamente ao mercado editorial — uma escolha que o levou a integrar a crescente indústria criativa no Brasil.

“Trabalhar em casa, com minha filha por perto, é uma realização. Ela tem 8 anos e é minha leitora número um. Só esse apoio já vale tudo”, afirma Bravo, que atualmente tem seis livros lançados e colabora com uma grande editora.

Assim como ele, mais de 1,2 milhão de brasileiros trabalhavam na indústria criativa em 2023, segundo levantamento divulgado pela Agência Brasil, com base em dados da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan). Esse setor — que abrange áreas como cultura, tecnologia, moda, publicidade e desenvolvimento — movimentou R$ 393,3 bilhões no ano passado, representando 3,59% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional.

O estudo utiliza informações da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), do Ministério do Trabalho e Emprego, e mostra uma trajetória de crescimento para o setor. Depois de um período de expansão entre 2008 e 2015 e uma queda nos anos seguintes, a indústria criativa voltou a ganhar força a partir de 2018.

A divisão do setor se dá em quatro eixos principais: consumo (moda, design, arquitetura, publicidade e marketing), tecnologia (pesquisa, biotecnologia e TIC), mídia (audiovisual e editorial) e cultura (artes, patrimônio e expressões culturais).

Entre os estados brasileiros, São Paulo e Rio de Janeiro lideram a contribuição do setor à economia local, com participação de 5,3% e 5,2% do PIB estadual, respectivamente. No Distrito Federal, o índice é de 4,9%, e em Santa Catarina, 4,2%. Já em estados como Maranhão (0,6%), Tocantins (0,7%), Rondônia, Acre e Alagoas (todos com 0,9%), o impacto da indústria criativa ainda é limitado.

Do total de empregos gerados pelo setor, a maior parte está concentrada em publicidade e marketing (348 mil), pesquisa e desenvolvimento (212 mil), tecnologia da informação e comunicação (209 mil), arquitetura (116 mil) e design (105 mil). Nas áreas ligadas à mídia e à cultura, destacam-se o mercado editorial (52 mil), expressões culturais (47 mil) e audiovisual (45 mil).

O crescimento do número de profissionais em 2023 foi de 6,1% em relação ao ano anterior — índice quase o dobro da expansão do mercado de trabalho brasileiro no período (3,6%).

Para a coordenadora da pesquisa, Júlia Zardo, os dados mostram a força dos profissionais criativos não apenas em empresas específicas do setor, mas também atuando em diferentes ramos da economia. “Esses trabalhadores criativos agregam valor em diversas áreas, contribuindo para a inovação e o desenvolvimento em outros segmentos”, destacou à Agência Brasil.

As profissões que mais cresceram no último ano foram analista de e-commerce (com impressionantes 224,9% de aumento), profissional de mídias digitais (74,3%), produtor cultural (39,3%) e apresentador de eventos (36,6%).

Segundo Júlia Zardo, a expectativa é de que o setor continue em expansão nos próximos anos, impulsionado por políticas públicas como a Lei Paulo Gustavo, que prevê descentralização de recursos culturais. “Essas ações ainda terão reflexos positivos significativos para a indústria criativa no Brasil”, conclui.

Por Paraíba Master

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