Bolsonaro entra em “repouso absoluto” por um mês em meio a crises de saúde e pressões políticas

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) cancelou todas as suas agendas públicas e ficará em “repouso absoluto” durante o mês de julho, conforme comunicado divulgado nesta terça-feira (1º). A informação foi publicada pela Folha de S.Paulo. A decisão foi tomada após uma consulta médica de urgência. Aos 70 anos, Bolsonaro tem apresentado crises constantes de soluços e vômitos, o que tem dificultado até mesmo sua fala.

O quadro clínico é descrito como consequência de uma sequência de eventos médicos recentes, incluindo uma cirurgia extensa, uma internação prolongada, episódios de pneumonia e as crises recorrentes de soluços. A recomendação médica é de afastamento total de atividades, inclusive político-partidárias, com retorno previsto apenas após a recuperação completa. A nota médica foi assinada pelos médicos Claudio Birolini e Leandro Echenique.

O afastamento ocorre em um momento delicado politicamente para Bolsonaro, que segundo aliados, buscava manter-se como figura central da direita e preservar seu capital político frente à crescente pressão por indicar um sucessor ao seu espólio eleitoral. O nome mais forte nesse contexto é o do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), embora outros nomes da direita também estejam em evidência, como Romeu Zema (Novo-MG), Ratinho Jr. (PSD-PR) e Ronaldo Caiado (União Brasil-GO).

Além do desgaste físico, Bolsonaro enfrenta um contexto jurídico tenso. De acordo com a Folha de São Paulo, ele é réu no Supremo Tribunal Federal (STF) no processo relacionado à trama golpista. O julgamento é esperado para setembro e, em caso de condenação, a pena pode ultrapassar 40 anos de prisão.

O discurso mais recente do ex-presidente, feito no último domingo (29) durante manifestação esvaziada na Avenida Paulista, foi marcado por um tom mais introspectivo e ambíguo. Bolsonaro declarou: “Se vocês me derem, na ocasião das eleições do ano que vem, 50% da Câmara e 50% do Senado, eu mudo o destino do Brasil”, sinalizando que, mesmo inelegível, poderia manter forte influência sobre o cenário político nacional. Ele complementou: “Não interessa onde eu esteja, aqui ou no além, quem assumir a liderança vai mandar mais do que o presidente da República.”

Nos bastidores, cresce a pressão — inclusive de setores do empresariado e líderes de partidos da direita — para que Bolsonaro passe o bastão a um novo nome. Contudo, pessoas próximas afirmam que ele resiste fortemente à ideia, pois vê no controle do seu capital político uma ferramenta crucial para sua autodefesa jurídica e sobrevivência como figura pública.

Tarcísio, por sua vez, evita se posicionar como pré-candidato à Presidência e insiste na narrativa de que buscará a reeleição em São Paulo. A cautela tem como objetivo evitar qualquer leitura de deslealdade com o ex-presidente. Segundo a Folha, um aliado de Tarcísio afirmou que qualquer sinal de movimentação eleitoral agora pode ser prejudicial tanto para o governador quanto para Bolsonaro.

Outros aliados, como o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), têm reforçado que **qualquer apoio à candidatura presidencial de 2026 deve vir acompanhado da promessa de indulto ao ex-presidente, o que já foi verbalizado por alguns governadores, como Caiado.

O esvaziamento do ato na Paulista também preocupa o PL, que passou a defender uma redução na quantidade de manifestações para evitar o desgaste da militância. O próximo grande evento está marcado para 7 de setembro, feriado com forte apelo simbólico entre os bolsonaristas, que esperam um público muito maior.

Enquanto isso, Bolsonaro segue hospedado no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo, e recluso desde o final de semana. Segundo aliados, ele tem relatado mal-estar, vômitos, cansaço intenso e insônia, o que reforçou a necessidade do afastamento temporário da cena política.

Por Paraíba Master