16 de julho de 2025
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Vacina contra o vírus zika avança após testes bem-sucedidos em laboratório

 Vacina contra o vírus zika avança após testes bem-sucedidos em laboratório

Rovena Rosa/Agência Brasil

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Pesquisadores do Instituto de Medicina Tropical (IMT) da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) avançaram mais uma etapa no desenvolvimento de uma vacina contra o vírus zika. Os testes laboratoriais realizados em camundongos geneticamente modificados apresentaram resultados promissores, com resposta imune eficaz e segurança comprovada.

Segundo informações da Agência Brasil, os animais utilizados nos testes são mais suscetíveis ao vírus, o que permitiu observar que o imunizante foi capaz de induzir a produção de anticorpos neutralizantes. Além disso, a vacina impediu o avanço da infecção e o surgimento de sintomas e lesões.

A pesquisa também avaliou os efeitos do vírus em diversos órgãos dos camundongos — como cérebro, testículos, rins, ovários e fígado — com destaque para os resultados positivos nos dois primeiros. A formulação utiliza a tecnologia das virus-like particles (VLPs), ou partículas semelhantes ao vírus, já aplicadas em outras vacinas, como as de Hepatite B e HPV. Essa estratégia dispensa o uso de adjuvantes, substâncias que potencializam a resposta imunológica.

O imunizante foi produzido por meio de biotecnologia em sistemas procarióticos, utilizando bactérias. Esse método permite alta produtividade, embora exija cuidados com toxinas bacterianas. A mesma tecnologia foi aplicada anteriormente pelo grupo no desenvolvimento de uma vacina contra a covid-19.

O médico e pesquisador Gustavo Cabral de Miranda, que lidera o projeto, tem experiência no Instituto Jenner, da Universidade de Oxford, onde integrou o grupo responsável pela plataforma usada no imunizante da AstraZeneca. Ele explicou à Agência Brasil que a vacina contra o zika é baseada na combinação de uma partícula carreadora (VLP), que simula a presença de um vírus, e o antígeno EDIII, uma parte da proteína do envelope do zika responsável pela entrada do vírus nas células humanas.

Com os testes em animais concluídos, os pesquisadores buscam agora financiamento para iniciar os estudos clínicos em humanos — etapa que exige recursos elevados e estrutura específica. Até o momento, o projeto contou com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

Enquanto isso, o grupo investiga outras abordagens, como vacinas de RNA mensageiro e diferentes estratégias de imunização. Miranda destacou que ampliar a capacidade de produção nacional de vacinas, com uso de tecnologias modernas, é essencial para garantir autonomia científica ao país no curto, médio e longo prazos.

Por Paraíba Master

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