26 de agosto de 2025
Abrir Player em Nova Janela

Copom deve manter Selic em 15% com inflação ainda pressionada, segundo analistas

 Copom deve manter Selic em 15% com inflação ainda pressionada, segundo analistas

Marcello Casal JrAgência Brasil

#Compartilhe

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reúne-se nesta quarta-feira (30) para decidir se mantém a Taxa Selic, atualmente em 15% ao ano, no maior nível em quase duas décadas. De acordo com analistas do mercado financeiro, a expectativa é de que o comitê opte pela manutenção dos juros básicos, em meio a uma desaceleração da inflação, mas com pressões persistentes em itens como energia elétrica e passagens aéreas.

Desde setembro do ano passado, a Selic foi elevada em sete reuniões consecutivas, saindo de 10,5% para os atuais 15% ao ano — patamar mais alto desde julho de 2006, quando a taxa estava em 15,25% ao ano. A decisão desta quarta será divulgada no final do dia.

Segundo o último boletim Focus, divulgado pelo Banco Central, o mercado projeta que a Selic permanecerá nesse nível até o fim de 2025, com início de cortes apenas em 2026. A dúvida dos analistas gira agora em torno de quando, no próximo ano, os juros começarão a cair.

Na ata da reunião anterior, realizada em junho, o Copom indicou que a taxa deve ser mantida elevada por um período prolongado. O colegiado justificou a decisão apontando que os núcleos de inflação — que desconsideram itens com preços mais voláteis — continuam pressionados, o que indica, na avaliação do BC, uma inflação sustentada pela demanda, exigindo política monetária contracionista por mais tempo.

A Agência Brasil destaca que, apesar de o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ter recuado para 0,24% em junho, acumulando 5,35% em 12 meses, a prévia da inflação oficial (IPCA-15) de julho veio acima do esperado. O aumento foi puxado, principalmente, pelos custos com energia elétrica e transporte aéreo.

Ainda de acordo com o boletim Focus, a projeção para a inflação em 2025 foi ajustada para 5,09%, acima do teto da meta contínua de 4,5%, estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). A meta principal de inflação é de 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.

A Selic é o principal instrumento de política monetária utilizado pelo Banco Central para controlar a inflação. Quando a taxa é elevada, o crédito tende a ficar mais caro, o que reduz o consumo e ajuda a conter a alta de preços. Por outro lado, juros elevados também encarecem o financiamento e podem prejudicar o crescimento da economia. Já uma Selic menor tende a estimular a produção e o consumo, mas reduz a força de combate à inflação.

A cada 45 dias, os membros do Copom — que compõem a diretoria do Banco Central — reúnem-se por dois dias. No primeiro, são apresentados dados técnicos sobre o cenário econômico doméstico e internacional. No segundo, é tomada a decisão sobre a Selic.

Pelo novo sistema de meta contínua, em vigor desde janeiro de 2025, a apuração da inflação é feita mensalmente, com base na variação acumulada em 12 meses. A mudança substituiu o antigo modelo, que considerava apenas o resultado fechado de cada ano.

O último Relatório de Política Monetária do Banco Central, divulgado no fim de junho, projeta que o IPCA encerrará 2025 em 4,9%. Essa estimativa poderá ser revista na próxima edição do documento, que será publicada em setembro.

Por Paraíba Master

Relacionados