Lula critica tarifa dos EUA, defende moeda alternativa ao dólar e diz que Brasil “não é republiqueta”

Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
Durante discurso neste domingo (3), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reagiu ao tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos sobre parte das exportações brasileiras. Embora tenha descartado qualquer confronto com os EUA, Lula afirmou que o Brasil precisa buscar uma moeda alternativa ao dólar nas transações internacionais e destacou que o país “não é uma republiqueta”.
Cerca de 36% das exportações brasileiras foram atingidas pelas novas tarifas, que coincidem com discussões no âmbito do Brics sobre a criação de uma moeda própria para o comércio entre os países do bloco. A medida norte-americana é vista por analistas como uma retaliação indireta à proposta de desdolarização da economia global, criticada por Donald Trump durante a cúpula do Brics, em julho, no Rio de Janeiro.
“Não vou abrir mão de buscar uma moeda alternativa. Não preciso ficar subordinado ao dólar”, declarou Lula.
Apesar das críticas, o presidente brasileiro ressaltou que não pretende romper ou desafiar os Estados Unidos, país que classificou como “a maior potência econômica, bélica e tecnológica do mundo”. Ele, no entanto, cobrou respeito à soberania brasileira:
“Nós temos interesses estratégicos. Nós queremos crescer. E nós não somos uma republiqueta. Tentar usar um motivo político para nos taxar economicamente é inaceitável”, afirmou, referindo-se também às críticas de Trump ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Relações e negociações
Lula frisou que o Brasil mantém relações diplomáticas com os EUA há mais de 200 anos e que pretende preservar esse diálogo. “Hoje, o Brasil não é tão dependente dos EUA quanto já foi. Temos relações comerciais com o mundo inteiro”, disse.
Segundo ele, o governo brasileiro está disposto a negociar com a Casa Branca, e já foram apresentadas propostas pelos ministros Geraldo Alckmin (vice-presidente) e Mauro Vieira (Relações Exteriores). O presidente também afirmou que o governo vai trabalhar para proteger empresas e trabalhadores afetados pelas tarifas, com o anúncio de medidas de apoio nos próximos dias.
Na última sexta-feira (1º), a Secretaria do Tesouro dos EUA entrou em contato com o Ministério da Fazenda para abrir negociações. Trump também sinalizou disposição para dialogar diretamente com Lula.
Por Paraíba Master com Informações da Agência Brasil