6 de setembro de 2025
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Defesa de General Augusto Heleno nega participação em trama golpista e destaca afastamento de Bolsonaro

 Defesa de General Augusto Heleno nega participação em trama golpista e destaca afastamento de Bolsonaro

Foto: Reprodução

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Durante a continuidade do julgamento que analisa a suposta tentativa de golpe para reverter o resultado das eleições de 2022, a defesa do general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), procurou demonstrar ao Supremo Tribunal Federal (STF) que o militar estava afastado do núcleo político do ex-presidente Jair Bolsonaro no fim do mandato. Segundo os advogados, esse distanciamento afastaria qualquer vínculo de Heleno com articulações golpistas.

Em sustentação oral nesta quarta-feira (3), o advogado Matheus Milanez argumentou que o general já havia perdido influência dentro do governo, especialmente após a aproximação de Bolsonaro com partidos do Centrão e sua filiação ao PL. “Quando o presidente Bolsonaro se aproxima dos partidos do Centrão, inicia-se um afastamento da cúpula do poder. Isso é evidente na relação entre Bolsonaro e o general”, afirmou Milanez.

Como evidência desse afastamento, a defesa apresentou uma anotação de cunho pessoal na agenda de Heleno, onde o general teria sugerido que Bolsonaro tomasse a vacina contra a Covid-19 — atitude rejeitada publicamente pelo ex-presidente durante a pandemia.

Além disso, Milanez contestou provas apresentadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR), especialmente uma declaração de Heleno durante reunião ministerial, em que o general disse ser “necessário fazer alguma coisa antes das eleições”. Para a defesa, a frase não tem conotação golpista, mas sim uma orientação legalista. “O que o general expressa é que, após as eleições, o resultado das urnas deve ser respeitado”, disse o advogado.

Milanez também questionou a principal peça apresentada contra Heleno: uma agenda pessoal que teria sido usada como prova de sua participação na trama. De acordo com a defesa, as anotações não eram públicas nem compartilhadas, e a própria existência da agenda era desconhecida até então. O advogado chegou a acusar a Polícia Federal de manipulação e sugeriu que a acusação foi induzida ao erro. “Houve omissão de páginas, manipulação de conteúdo e construção de narrativas que não condizem com os fatos reais”, alegou.

Julgamento segue com réus do núcleo central

O julgamento na Primeira Turma do STF, que entrou em seu segundo dia nesta quarta-feira, envolve oito aliados próximos do ex-presidente acusados de envolvimento em articulações para contestar o resultado eleitoral. Além de Augusto Heleno, estão entre os réus nomes como Mauro Cid (ex-ajudante de ordens), Alexandre Ramagem (ex-diretor da Abin), Almir Garnier (almirante da Marinha), Anderson Torres (ex-ministro da Justiça), Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa), Braga Netto (ex-ministro e candidato a vice) e o próprio Jair Bolsonaro.

Foram programadas oito sessões de julgamento, distribuídas nos dias 2, 3, 9, 10 e 12 de setembro, com previsão de que a decisão final — pela condenação ou absolvição dos réus — seja divulgada ao fim desse cronograma.

As sessões são conduzidas na sala de audiências da Primeira Turma do STF e estão sendo transmitidas ao vivo por meio da TV Justiça, Rádio Justiça e pelo canal oficial do tribunal no YouTube.

Por Paraíba Master

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