STF: Luiz Fux vota pela absolvição de Jair Bolsonaro na ação da trama golpista

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O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou nesta quarta-feira (10) pela absolvição do ex-presidente Jair Bolsonaro, réu na ação penal que apura a suposta tentativa de golpe de Estado para reverter o resultado das eleições de 2022.
Fux rejeitou integralmente a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que pedia a condenação de Bolsonaro pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça e deterioração de patrimônio tombado. A pena poderia chegar a 30 anos de prisão.
Apesar do voto do ministro, o placar pela condenação está em 2 a 1, com votos favoráveis de Alexandre de Moraes (relator) e Flávio Dino, proferidos ontem (9).
A sessão, que já dura mais de dez horas, prossegue com a análise das acusações contra os demais réus.
Entendimento de Fux
O ministro afirmou que a PGR “adotou uma narrativa desprendida dos fatos” e defendeu que os atos de Bolsonaro quando ainda ocupava o cargo de presidente não configuram crimes.
Segundo Fux, as reuniões de novembro de 2022, nas quais foram cogitadas medidas excepcionais como estado de defesa e de sítio, não ultrapassaram o campo da intenção:
“Nas reuniões de novembro de 2022 [com as Forças Armadas] houve uma mera cogitação do emprego de medidas de Garantia da Lei e da Ordem, como fruto da irresignação do réu [Bolsonaro] quanto ao insucesso de sua representação ao TSE. Não aconteceu nada”, afirmou.
O ministro também rechaçou a responsabilidade de Bolsonaro pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, classificando como “ilações” a suposta ligação do ex-presidente com os vândalos que depredaram os prédios dos Três Poderes.
“Esses elementos jamais podem sustentar a ilação de que Jair Bolsonaro tinha algum tipo de ligação com os vândalos que depredaram as sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023”, disse.
Outros pontos do voto
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Abin paralela: Fux considerou que não há provas da participação direta e dolosa de Bolsonaro no uso ilegal de softwares de espionagem pela Abin.
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Ataques às urnas eletrônicas: para o ministro, discursos e entrevistas, mesmo que questionem o sistema eleitoral, não configuram crime de tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito.
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Autogolpe: Fux disse que atos de um presidente no cargo que visam se perpetuar no poder não se enquadram nos tipos penais descritos pela PGR.
Acusações
Segundo a denúncia, Bolsonaro e outros sete réus teriam participado da elaboração do plano “Punhal Verde e Amarelo”, que previa o sequestro e homicídio do ministro Alexandre de Moraes, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do vice-presidente Geraldo Alckmin.
A acusação também cita a chamada “minuta do golpe”, documento que previa medidas de exceção para impedir a posse de Lula, além de suposto envolvimento com os atos de 8 de janeiro de 2023.
Réus no processo
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Jair Bolsonaro – ex-presidente da República;
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Alexandre Ramagem – ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin);
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Almir Garnier – ex-comandante da Marinha;
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Anderson Torres – ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do DF;
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Augusto Heleno – ex-ministro do GSI;
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Paulo Sérgio Nogueira – ex-ministro da Defesa;
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Walter Braga Netto – ex-ministro de Bolsonaro e candidato a vice em 2022;
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Mauro Cid – ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
Por Paraíba Master