8 de novembro de 2025
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Voto de Cármen Lúcia pode ser decisivo para formação de maioria contra Bolsonaro no julgamento

 Voto de Cármen Lúcia pode ser decisivo para formação de maioria contra Bolsonaro no julgamento

Foto: Reprodução

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A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) retoma nesta quinta-feira (11), às 14h, o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e de outros sete aliados acusados de integrar o chamado “Núcleo 1” da tentativa de golpe de Estado investigada pela Corte. A expectativa é que o voto da ministra Cármen Lúcia, previsto para hoje, seja decisivo para a formação da maioria pela condenação do ex-mandatário.

Até o momento, o placar está em 2 a 1 contra Bolsonaro. Os ministros Alexandre de Moraes, relator do caso, e Flávio Dino votaram pela condenação na sessão da última terça-feira (9). Já o ministro Luiz Fux divergiu e defendeu a absolvição do ex-presidente — embora tenha reconhecido a culpa de dois outros réus, Mauro Cid e Braga Netto.

A posição de Cármen Lúcia é considerada estratégica. Fontes próximas ao processo acreditam que ela deve acompanhar o relator, repetindo o voto duro que proferiu ao aceitar a denúncia em março, quando criticou duramente a articulação golpista.

Caso o voto da ministra confirme as previsões, a Primeira Turma terá maioria para condenar Jair Bolsonaro por crimes como tentativa de golpe de Estado e organização criminosa armada.

Panorama do julgamento

O processo julga os primeiros oito investigados por envolvimento em uma suposta trama para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, após a derrota de Bolsonaro nas eleições de 2022. Os réus enfrentam acusações que incluem:

  • Organização criminosa armada

  • Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito

  • Golpe de Estado

  • Dano qualificado com violência e ameaça grave

  • Deterioração de patrimônio tombado

Além de Bolsonaro, estão no banco dos réus:

  • Mauro Cid (ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e delator)

  • Walter Braga Netto (ex-ministro da Casa Civil e vice na chapa de 2022)

  • Anderson Torres (ex-ministro da Justiça)

  • Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa)

  • Augusto Heleno (ex-GSI)

  • Almir Garnier (ex-comandante da Marinha)

  • Alexandre Ramagem (ex-diretor da Abin e hoje deputado federal)

Fux, em seu extenso voto de mais de 13 horas, propôs a anulação do processo, alegando “incompetência absoluta” do STF para julgar os réus, já que nenhum deles ocupa atualmente cargo com prerrogativa de foro na Corte. A tese, porém, foi rechaçada por Moraes e Dino, que mantiveram o entendimento sobre a competência do Supremo.

Mesmo com sua proposta de anulação rejeitada, Fux avançou no mérito e votou pela condenação de Mauro Cid e Braga Netto, mas pediu a absolvição dos demais acusados — inclusive Bolsonaro.

Situação de Alexandre Ramagem

Por exercer mandato parlamentar, Alexandre Ramagem teve parte das acusações suspensas. A decisão seguiu o que determina a Constituição, que exige aval da Câmara para responsabilizar deputados por atos cometidos após a diplomação. Ele responde apenas por três dos cinco crimes originalmente imputados.

A sessão desta quinta-feira pode definir o futuro judicial de Jair Bolsonaro e marcar um divisor de águas no julgamento da tentativa de golpe. Com o voto de Cármen Lúcia, o STF pode consolidar a primeira condenação penal do ex-presidente no Supremo.

Por Paraíba Master

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