18 de setembro de 2025
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Ofensiva de Israel em Gaza força novos deslocamentos e eleva preços de abrigo e transporte

 Ofensiva de Israel em Gaza força novos deslocamentos e eleva preços de abrigo e transporte

Foto: Reprodução

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Linhas de telefonia e internet foram interrompidas nesta quinta-feira (18) na Faixa de Gaza, enquanto o Exército de Israel intensifica a ofensiva contra o centro da Cidade de Gaza. Bombardeios aéreos e disparos de artilharia atingem a principal área urbana do enclave, ampliando a crise humanitária de uma população já marcada por quase dois anos de conflito contínuo.

Segundo relatos de moradores, os ataques incluem o uso de drones e tiros de quadricópteros. As forças israelenses mantêm controle sobre os subúrbios a leste da cidade, com tanques posicionados em direção às áreas central e ocidental. O Ministério da Saúde de Gaza informou 79 mortes nas últimas 24 horas, incluindo nove pessoas que buscavam ajuda humanitária, embora Israel conteste os dados fornecidos pelo órgão ligado ao Hamas.

— Há bombardeios constantes, tiros de drones e artilharia. O mundo não entende o que está acontecendo — afirmou Aya Ahmed, de 32 anos, que permanece na cidade com 13 familiares. — Eles querem que nos retiremos para o sul, mas não há moradia, transporte nem dinheiro para isso.

O Exército israelense emitiu ultimatos para que a população, estimada em 1 milhão de pessoas, deixe a Cidade de Gaza diante da iminente invasão terrestre. O governo afirma que a operação tem o objetivo de libertar reféns capturados pelo Hamas em outubro de 2023 e eliminar o reduto armado do grupo. Inicialmente, um corredor de evacuação foi delimitado na zona costeira; um segundo caminho foi aberto temporariamente por 48 horas para facilitar a retirada.

Embora estimativas israelenses indiquem que mais de 350 mil pessoas já deixaram a cidade nos últimos dias, muitos moradores permanecem no local, alegando que não podem arcar com os custos do deslocamento. Reportagens indicam que uma viagem de caminhão de 14 a 25 km até cidades do sul pode custar até US$ 2 mil, valor que chega a US$ 3,9 mil quando inclui transferências internacionais. Para quem não tem recursos, caminhar é a única alternativa, transportando apenas bens essenciais.

O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, criticou a situação:

— A incursão militar e as ordens de retirada no norte de Gaza estão provocando novas ondas de deslocamento, obrigando famílias traumatizadas a se alojarem em áreas cada vez menores e inadequadas à dignidade humana.

Mesmo para aqueles que conseguem se deslocar para o sul, as condições permanecem precárias. Cidades já atingidas por operações anteriores estão em ruínas, tornando a busca por abrigo cara e difícil. Palestinos relataram que o custo médio para se instalar em uma barraca ou locar uma residência temporária ultrapassa US$ 3,5 mil, incluindo transporte, abrigo e taxas de terreno.

O Exército israelense afirmou que mantém ataques à “infraestrutura terrorista do Hamas” nas cidades de Rafah e Khan Younis. O bloqueio das comunicações aumentou o temor de uma escalada iminente.

— Chega, queremos ser livres. Queremos viver, não morrer — disse Mohammed al-Danf, da Cidade de Gaza.

A escalada de violência tem repercussões internacionais. A Comissão Europeia propôs sanções contra Israel para pressionar pelo fim da guerra, enquanto uma investigação da ONU apontou elementos que podem caracterizar práticas de genocídio, incluindo deslocamentos forçados. Israel rejeitou as conclusões, classificando-as como “distorcidas e falsas”, mas a líder da investigação, Navi Pillay, afirmou que as ações em Gaza apresentam semelhanças com o genocídio de Ruanda, em 1994.

Por Paraíba Master

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