Após protestos, Hugo Motta diz que vai deixar de lado “pautas tóxicas” e tenta acalmar clima político

Foto: Kayo Magalhães/Câmara dos Deputados
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou nesta segunda-feira (22), durante um evento com investidores do mercado financeiro, em São Paulo, que a Câmara deve “tirar da frente” as chamadas pautas tóxicas que vêm gerando forte repercussão pública. A declaração ocorre um dia após manifestações em várias cidades do país contra propostas como a PEC da Blindagem e o projeto de Anistia.
“Talvez a Câmara tenha tido a semana mais difícil do ano. Mas nós decidimos que vamos tirar essas pautas tóxicas da frente, porque ninguém aguenta mais essa discussão”, declarou o parlamentar paraibano, que tem sido um dos principais alvos dos protestos recentes. A declaração foi registrada em cobertura do Portal G1, reproduzida pelo Jornal da Paraíba.
Apesar da tentativa de sinalizar uma mudança de tom, Hugo Motta indicou que a proposta de anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023 ainda segue em pauta, e chegou a classificá-la como uma “boa saída política para o país”, mesmo afirmando não conhecer o conteúdo final do relatório que será apresentado pelo deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP).
O presidente da Câmara defendeu que qualquer proposta seja construída “dentro das regras legais”, mas sem isentar de responsabilidade os acusados pelos atos antidemocráticos. Sobre os protestos, Motta considerou que eles demonstram a vitalidade da democracia brasileira: “Tivemos manifestações a favor e contra. Isso mostra que a democracia segue viva.”
Em relação à PEC da Blindagem — que limita decisões do Supremo Tribunal Federal sobre parlamentares —, Hugo Motta afirmou que a Câmara continuará defendendo o exercício do mandato parlamentar, mas que respeitará a decisão que o Senado vier a tomar. A tendência, no entanto, é de rejeição da proposta pelos senadores.
Na bancada da Paraíba no Senado, os três representantes — Daniella Ribeiro (PP), Efraim Filho (União) e Veneziano Vital do Rêgo (MDB) — já se posicionaram contrários à PEC.
Ainda durante o evento, Hugo Motta defendeu que a Câmara concentre seus esforços em pautas econômicas e estruturais, como a reforma administrativa e a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda, que, segundo ele, deve ser votada apenas na próxima semana.
Por Paraíba Master