27 de setembro de 2025
Abrir Player em Nova Janela

Paraibanos declaram em cartório o desejo de doar órgãos, mas decisão final ainda depende da família

 Paraibanos declaram em cartório o desejo de doar órgãos, mas decisão final ainda depende da família

Foto: Getty Images/IA

#Compartilhe

Na Paraíba, mais de 1.100 pessoas já registraram oficialmente o desejo de doar seus órgãos após a morte, por meio de um novo sistema digital que permite esse tipo de autorização diretamente em cartórios. A iniciativa representa um avanço importante na formalização da vontade individual, mas esbarra ainda em um obstáculo decisivo: a autorização da família.

Segundo informações do Portal Jornal da Paraíba, os dados fazem parte de um levantamento do Colégio Notarial do Brasil, em parceria com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e o Ministério da Saúde. A contagem considera registros realizados desde abril de 2024, quando passou a funcionar o sistema eletrônico Autorização Eletrônica de Doação de Órgãos (AEDO).

Mesmo com a manifestação expressa da vontade em vida, a doação só pode ocorrer com a permissão dos familiares, como explica a diretora da Central de Transplantes da Paraíba, Rafaela Dias. “Pela legislação, a retirada de órgãos só é realizada com a autorização da família. Mesmo quando a pessoa manifestou, em vida, o desejo de ser doadora, os profissionais devem seguir a decisão da família”, explicou.

A posição é clara: a palavra final é sempre da família. E quando há divergência, o desejo do doador pode ser desconsiderado. “Se a família não autorizar, a doação não é realizada, mesmo que a pessoa tenha deixado registrado ou escrito em algum lugar. Por isso a importância de a pessoa comunicar claramente a sua vontade aos familiares”, reforçou Rafaela.

No contexto da doação de órgãos no estado, os números demonstram avanços. De acordo com os dados repassados pela Central de Transplantes, foram doados 51 órgãos e realizados 282 transplantes ao longo de 2024. Já em 2025, até setembro, foram registradas 32 doações e 171 transplantes.

Neste 27 de setembro, quando se comemora o Dia Nacional da Doação de Órgãos, a data ganha ainda mais relevância diante do desafio de promover a conscientização social. Deixar claro o desejo de ser doador e conversar sobre isso com a família são atitudes que podem salvar vidas.

A diretora da Central resume bem: “Evita divergências no momento do luto que podem impedir a doação. A manifestação em vida aumenta muito a chance da doação ocorrer”.

Afinal, mais do que um gesto de solidariedade, a doação de órgãos é um ato de amor que ultrapassa a vida. E depende, acima de tudo, do entendimento e apoio familiar.

Por Paraíba Master

Relacionados