Ricardo Nunes indica apoio do MDB a Tarcísio para 2026 e expõe divisões internas do partido
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Em declaração feita durante um evento na última sexta-feira (26), o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), afirmou que a maioria do seu partido defende uma mudança de governo nas eleições presidenciais de 2026 e vê com bons olhos uma possível candidatura do governador paulista Tarcísio de Freitas (Republicanos).
A fala ocorreu durante um painel no Encontro de Líderes da Comunitas, realizado na capital paulista. Na ocasião, Nunes se colocou como potencial articulador político dentro do MDB caso Tarcísio decida disputar o Palácio do Planalto. Apesar disso, o governador tem reiterado publicamente sua intenção de buscar a reeleição no estado.
Segundo Nunes, embora o MDB tenha integrantes que participam da atual administração federal — com Simone Tebet (Planejamento), Jader Filho (Cidades) e Renan Filho (Transportes) —, existe um movimento crescente dentro da sigla, especialmente no Sul e Sudeste, que deseja se reposicionar como força de oposição ao governo Lula.
A declaração do prefeito evidencia um racha interno no partido. Enquanto lideranças do Nordeste seguem alinhadas ao Planalto, outras alas buscam alternativas eleitorais fora da órbita lulista, cogitando inclusive alianças com figuras da direita. É nesse contexto que o nome de Tarcísio de Freitas ganha força entre emedebistas mais conservadores.
Ainda que o governador insista em permanecer no comando do estado até o fim do mandato, pesquisas de opinião recentes o colocam como um dos nomes mais competitivos da direita em um eventual embate com Lula em 2026. Levantamentos dos institutos Genial/Quaest e Paraná Pesquisas indicam um cenário de empate técnico entre os dois.
Nos bastidores, aliados de Tarcísio admitem que ele vem avaliando os riscos de uma candidatura nacional em um ambiente de fragmentação da direita, o que poderia reforçar sua decisão de buscar um segundo mandato em São Paulo. Para concorrer à Presidência, ele precisaria deixar o cargo até abril de 2026, conforme a legislação eleitoral.
Enquanto isso, no MDB, articulações seguem em curso. A Fundação Ulysses Guimarães, braço de formulação política do partido, defende uma candidatura própria, sem alinhamento prévio com Lula ou Bolsonaro. Outra possibilidade discutida é a formação de uma federação partidária com o Republicanos, de Tarcísio, o que uniria forças no Congresso e fortaleceria palanques regionais.
O líder do MDB no Senado, Eduardo Braga, manifestou apoio à ideia da federação, destacando que alianças estruturadas podem evitar o isolamento da legenda no cenário político. O desempenho do partido nas eleições municipais de 2024 — quando elegeu 784 prefeitos — é visto como um trunfo importante nas negociações nacionais.
Ao sinalizar apoio a Tarcísio e posicionar o MDB como oposição, Ricardo Nunes pressiona a cúpula partidária a antecipar decisões estratégicas. Caso o governador decida disputar a Presidência, encontrará respaldo em parte da legenda. Se mantiver o foco em São Paulo, o MDB terá de escolher entre lançar um nome próprio ou firmar uma nova aliança para 2026.
Por Paraíba Master