7 de novembro de 2025
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Lula alerta para impacto de conflitos armados na crise climática e anuncia fundo para transição energética

 Lula alerta para impacto de conflitos armados na crise climática e anuncia fundo para transição energética

Foto: reprodução

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, nesta sexta-feira (7), que conflitos armados em curso no mundo, como a guerra na Ucrânia, têm revertido avanços na redução das emissões globais de gases de efeito estufa e representam um risco real de colapso ambiental. As declarações foram feitas durante a segunda sessão temática da Cúpula do Clima, em Belém, dedicada aos desafios da transição energética. As informações são da Agência Brasil.

Segundo Lula, o conflito iniciado após a invasão russa ao território ucraniano levou países a reativarem minas de carvão e aumentarem investimentos militares, o que compromete metas climáticas.

“O conflito na Ucrânia reverteu anos de esforços para a redução da emissão de gases do efeito estufa e levou à reabertura de minas de carvão. Gastar com armas o dobro do que destinamos à ação climática é pavimentar o caminho para o apocalipse climático. Não haverá segurança energética em um mundo conflagrado”, declarou.

A reunião em Belém encerra a etapa preparatória para a COP30, que será realizada entre 10 e 21 de novembro, também na capital paraense. O objetivo é fortalecer compromissos e ações globais diante da emergência climática. O evento reúne chefes de Estado e autoridades internacionais como o secretário-geral da ONU, António Guterres, o presidente do governo da Espanha, Pedro Sánchez, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

Transição energética e desigualdade

Lula destacou que, embora haja progressos no desenvolvimento de fontes limpas, a transição energética ainda é desigual entre países ricos e pobres. Ele alertou que milhões de pessoas permanecem sem acesso adequado à energia.

“Dois bilhões de pessoas não têm combustíveis apropriados para cozinhar. Seiscentos e sessenta milhões dependem de lamparinas e geradores a diesel. Duzentos milhões de crianças estudam em escolas sem eletricidade. Sem energia, não há hospitais funcionando, agricultura moderna ou inclusão digital”, afirmou.

O presidente também criticou o sistema financeiro internacional por continuar financiando majoritariamente o setor de combustíveis fósseis. Ele ressaltou que, mesmo após o Acordo de Paris, a participação de petróleo, gás e carvão na matriz energética global caiu apenas de 83% para 80%.

Criação de fundo para financiar energias renováveis

Lula anunciou ainda que o governo brasileiro criará um fundo para direcionar parte dos lucros obtidos com a produção de petróleo e gás para investimentos em energias renováveis e ações climáticas, com foco em países do Sul Global.

“Direcionar parte dos lucros do petróleo para a transição energética permanece um caminho válido para países em desenvolvimento. O Brasil estabelecerá um fundo para financiar o enfrentamento da mudança do clima e promover justiça climática”, afirmou.

Ele encerrou o discurso defendendo a implementação plena dos compromissos firmados na COP28, como triplicar a capacidade de energias renováveis e dobrar a eficiência energética até 2030.

“Os cientistas já cumpriram seu papel. Agora, cabe aos negociadores buscar acordos e aos líderes decidir se este será o século da catástrofe climática ou da reconstrução inteligente.”

Por Paraíba Master

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