7 de novembro de 2025
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Relator da CPI do Crime Organizado alerta que equiparar facções ao terrorismo pode prejudicar investigações

 Relator da CPI do Crime Organizado alerta que equiparar facções ao terrorismo pode prejudicar investigações

Foto: reprodução

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O relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Crime Organizado, senador Alessandro Vieira (MDB-SE), afirmou que a simples equiparação de facções criminosas ao terrorismo pode atrapalhar investigações em curso no país. Em entrevista à Agência Brasil nesta sexta-feira (7), o parlamentar explicou que, ao transformar esses grupos em organizações terroristas, os processos deixariam de ser julgados pela Justiça estadual e passariam para a esfera federal, podendo comprometer o trabalho acumulado por profissionais especializados.

“A mera transformação de facção criminosa violenta em terrorismo vai fazer com que os processos migrem da Justiça estadual para a federal. Isso significa matar as investigações e jogar fora um conhecimento acumulado por anos no combate ao crime grave”, disse Vieira, que é delegado licenciado da Polícia Civil.

O senador afirmou que é possível discutir o endurecimento das penas aplicadas às facções, desde que com “cuidados técnicos” para não comprometer o andamento de investigações e estruturas já existentes.

Papel das Forças Armadas

Vieira também defendeu que as Forças Armadas atuem prioritariamente no controle de fronteiras, impedindo a entrada de armas e drogas no país. Para ele, operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) em áreas urbanas são pouco efetivas.

“Intervenções das Forças Armadas em território urbano geraram resultados mínimos e temporários. Mas, se eu consigo restringir o acesso de armas e drogas pelas fronteiras, impacto diretamente o crime organizado”, afirmou.

Financiamento da segurança pública

Ao comentar soluções para ampliar o financiamento da segurança pública, Vieira disse que o país precisa definir prioridades e pode, inclusive, discutir exceções às regras fiscais, caso necessário.

“Um país que gasta R$ 5 bilhões para financiar uma eleição seguramente tem dinheiro para financiar a defesa da vida. É uma questão de decisão política”, destacou.

Ele defende que a CPI produza um diagnóstico que permita construir um plano nacional de segurança pública pactuado entre União, estados e municípios, com financiamento estável e metas de longo prazo.

Crime organizado na economia legal

O relator também alertou para o avanço das facções sobre setores legais da economia, como postos de combustíveis, usados para lavagem de dinheiro. Segundo ele, a CPI deve ouvir especialistas e técnicos da área para propor mecanismos que fechem brechas e dificultem o uso de atividades formais pelo crime.

Lideranças criminosas não devem ser convocadas

Vieira declarou ser contrário a requerimentos que pedem a convocação de chefes de facções para falar à CPI. Segundo ele, isso daria “palco” ao crime.

“Não há por que dar microfone para bandido quando sabemos que ele não vai trazer informação que ajude o combate ao crime. Ele usaria esse espaço para fortalecer a própria facção”, afirmou.

A CPI do Crime Organizado foi instalada nesta semana e deve investigar a atuação de facções, milícias, rotas de tráfico, infiltração da criminalidade na economia formal e falhas no sistema prisional.

Por Paraíba Master

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