Redução na conta de luz faz inflação oficial cair e IPCA fecha outubro em 0,09%
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A redução na tarifa de energia elétrica puxou a inflação para baixo em outubro, fazendo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrar alta de apenas 0,09% no mês, segundo dados divulgados nesta terça-feira (11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Trata-se do menor resultado para outubro desde 1998. Em setembro, o índice havia registrado 0,48%, e no mesmo mês do ano passado, a variação foi de 0,56%.
No acumulado dos últimos 12 meses, o IPCA ficou em 4,68%, abaixo dos 5,17% registrados nos 12 meses encerrados em setembro, mas ainda acima da meta oficial do governo, que é de 3%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos (até 4,5%).
Energia elétrica alivia inflação
O recuo da energia elétrica residencial em 2,39% impactou negativamente o IPCA em 0,1 ponto percentual. O movimento foi resultado da mudança da bandeira tarifária de energia da vermelha patamar 2 para o patamar 1. No nível 2, vigente até setembro, havia cobrança extra de R$ 7,87 a cada 100 kWh consumidos, enquanto no nível 1, aplicado em outubro, a taxa caiu para R$ 4,46.
De acordo com Fernando Gonçalves, gerente da pesquisa do IBGE, sem a queda da conta de luz, o índice do mês teria sido de 0,20%. A Aneel define essas tarifas adicionais para custear a operação de usinas termelétricas quando os reservatórios das hidrelétricas estão baixos, já que a energia termelétrica é mais cara.
Alimentos estabilizam
Após quatro meses consecutivos de queda, o grupo alimentação e bebidas praticamente não variou em outubro, registrando 0,01%. Entre os destaques de baixa estão o arroz (-2,49%) e o leite longa vida (-1,88%). Por outro lado, produtos como batata-inglesa (8,56%) e óleo de soja (4,64%) registraram aumentos expressivos.
Outros grupos também tiveram comportamento diverso no mês:
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Habitação: -0,30% (-0,05 p.p.)
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Artigos de residência: -0,34% (-0,01 p.p.)
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Vestuário: 0,51% (0,02 p.p.)
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Transportes: 0,11% (0,02 p.p.)
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Saúde e cuidados pessoais: 0,41% (0,06 p.p.)
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Despesas pessoais: 0,45% (0,05 p.p.)
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Educação: 0,06% (0,00 p.p.)
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Comunicação: -0,16% (0,00 p.p.)
Entre os produtos pesquisados, os maiores aumentos vieram do aluguel residencial (0,93%) e da passagem aérea (4,48%), que impactaram individualmente 0,03 ponto percentual do IPCA.
Inflação ainda acima da meta
Apesar da desaceleração, o IPCA acumulado em 12 meses permanece acima do teto da meta do governo, sendo o 13º período consecutivo fora do limite de tolerância. Esse cenário é um dos fatores que mantêm a taxa básica de juros, a Selic, em 15% ao ano, nível mais alto desde julho de 2006.
O juro elevado encarece o crédito, desestimula consumo e investimentos, e ajuda a conter a inflação. O IBGE também divide o IPCA entre serviços — mais sensíveis à economia — e preços monitorados, como contratos e combustíveis. Em outubro, os serviços subiram 0,41%, acumulando 6,20% em 12 meses, enquanto os preços monitorados caíram 0,16% no mês, com alta de 4,20% em 12 meses.
Segundo o Boletim Focus, divulgado pelo Banco Central na segunda-feira (10), o mercado financeiro projeta que a inflação oficial encerrará 2025 em 4,55%, com a Selic permanecendo em 15% ao ano.
Coleta de preços
O IPCA considera famílias com renda de 1 a 40 salários mínimos e abrange 377 produtos e serviços, com coleta realizada em 16 capitais, incluindo regiões metropolitanas de Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Vitória, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, além de Brasília, Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís e Aracaju.
Por Paraíba Master