18 de junho de 2025
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Renata Gadelha: “Branding pessoal é gestão estratégica de reputação com propósito”

 Renata Gadelha: “Branding pessoal é gestão estratégica de reputação com propósito”

Foto: reprodução

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Renata Gadelha transforma histórias em marcas com alma. Desde cedo, sua vivência foi marcada por referências culturais, artísticas e simbólicas — reflexo de uma família profundamente conectada à cena política e criativa da Paraíba. Ainda menina, já absorvia intuições visuais e narrativas que mais tarde se tornariam a base do seu trabalho com branding pessoal e posicionamento de marca.

Embora tenha iniciado a formação acadêmica no Direito, foi na Arquitetura que descobriu sua primeira afinidade genuína com a criação. Mais tarde, nos Estados Unidos, aprofundou sua jornada no universo audiovisual, graduando-se em Direção de Cinema e TV pela renomada UCLA. Renata também estudou Moda no FIDM — Fashion Institute of Design and Merchandising — e Figurino para cinema, TV e teatro. Seu repertório multifacetado abrange ainda design, comunicação, direção de arte e branding, reunindo uma bagagem rara e consistente, reconhecida por prêmios tanto no cinema quanto na arquitetura.

Ao longo de sua trajetória, morou duas vezes em Los Angeles — uma ainda jovem e outra já como mãe — experiências que moldaram seu olhar cosmopolita e sensível. Hoje, ela se define como uma “maestrina” que aprendeu a tocar diversos instrumentos criativos para reger marcas com propósito e identidade.

Nesta entrevista, Renata Gadelha fala sobre o poder do branding pessoal como ferramenta estratégica para profissionais, criadores e empreendedores. Compartilha os bastidores de uma trajetória interdisciplinar — que entrelaça arte, comportamento e comunicação — e revela como ajuda seus clientes a construir marcas autênticas, coerentes e memoráveis. Confira:

Desde cedo, você foi exposta a diferentes estímulos artísticos e culturais; também teve a oportunidade de experimentar diversas áreas do conhecimento durante a construção da sua carreira, até finalmente unir todas essas disciplinas no branding. Em que momento você entendeu que deveria trabalhar com branding pessoal e como se deu essa escolha?

Desde muito cedo, estar em contato com a arte, com o pensamento visual e com a linguagem me despertou uma sensibilidade para aquilo que vibra nas entrelinhas, nos gestos, nos símbolos, nos espaços. Ao longo da minha trajetória acadêmica e profissional, transitei por várias áreas: arquitetura, design de moda, comunicação, televisão, cinema, sempre em busca de novos olhares, e principalmente de entender o que move as pessoas. Acho que foi justamente esse movimento constante de aprender e de observar que me levou naturalmente ao branding. Com o tempo, percebi que podia unir esses repertórios para ajudar pessoas e marcas a buscarem seu propósito e se expressarem com mais verdade e potência. Foi uma escolha que aconteceu menos por ruptura e mais por confluência — um fio que foi se revelando.

Como você define o branding pessoal e porque ele é tão importante para posicionar pessoas e negócios nos dias atuais?

Branding pessoal é a gestão consciente da percepção que as pessoas têm sobre você. Vai muito além de um logotipo ou uma estética bonita: trata-se de alinhar sua essência, valores, competências e diferenciais em uma narrativa coerente e memorável. Num mundo saturado de informação, marcas pessoais fortes funcionam como bússolas; elas guiam conexões, criam confiança e abrem portas. Seja você um profissional liberal, um criador ou um empreendedor, seu branding pessoal é o que posiciona sua autenticidade como diferencial competitivo.

Muito se fala sobre o branding pessoal ir além de uma simples preocupação com a estética visual. Quais outros elementos você considera essenciais ao criar uma marca pessoal forte e coerente e como trabalha isso com os seus clientes?

Estética é só a camada imediatamente legível. O que sustenta uma marca pessoal é o que vem de dentro: discernimento, intenção e consistência. Quando inicio um processo com um cliente, começo sempre com uma escuta profunda. Busco entender sua trajetória, valores, linguagem, público e visão de futuro. A partir disso, desenhamos juntos o que eu chamo de “núcleo identitário”: uma base estratégica que inclui a identidade verbal, os territórios de discurso e a presença sensível da marca. O visual nasce disso, e não o contrário.

É comum vermos marcas pessoais e corporativas tentarem se ajustar a tendências momentâneas. Nesse contexto, como manter uma identidade sólida e genuína em um mercado que sofre com tantas influências externas?

O segredo está em não se deixar dissolver. Tendência pode ser interessante, sim, desde que você saiba onde ela se encaixa na sua finalidade, e como ela conversa com a sua narrativa. Quando uma marca pessoal tem clareza do seu eixo — daquilo que é inegociável — ela pode até dialogar com o novo, mas sem perder sua coerência. É como uma árvore que balança com o vento, mas tem raízes firmes. E é nisso que acredito: em narrativas consistentes, que se transformam com o tempo, mas não se perdem.

Qual é a sua principal fonte de inspiração quando se depara com um novo projeto ou cliente?

Minha maior fonte de inspiração é a história por trás da pessoa ou negócio. Cada cliente é um universo, e me fascina mergulhar nesse território, descobrir as camadas visíveis e invisíveis, o que é dito e o que vibra no silêncio. Além disso, busco conexões com a arte, a literatura, em disciplinas como a psicologia, antropologia, sociologia e neurociência, na fisiologia do ser humano, nas conversas atravessadas pelo acaso, na paisagem, na arquitetura do cotidiano e nas cidades. A criação, para mim, é sempre um ato de conexão entre o mundo interno e o mundo que nos rodeia, porque o que move uma marca é, antes de tudo, sua capacidade de emocionar, de ser lembrada e de se tornar necessária.

Quais conselhos você daria para alguém que quer investir no seu branding pessoal mas não sabe por onde começar?

Comece olhando para dentro. O branding pessoal mais potente nasce da verdade: pergunte-se o que te move, no que você acredita, o que quer transformar no mundo, e como quer ser lembrado. Perceba o que você já construiu, o que te emociona, o que você quer que os outros sintam quando te encontram, no presencial ou no digital. Depois, observe como os outros te percebem: onde há sintonia? Onde há ruído? A partir daí, construa com intenção, traduzindo sua essência em palavras, escolhas visuais, formas de estar e se expressar. Não é sobre se encaixar, é sobre se revelar com clareza e intenção. O branding não é autopromoção, é gestão estratégica da sua reputação com propósito. E, se puder, busque quem possa te acompanhar neste percurso com sensibilidade e método.

Paraíba Master com informações da Assessoria

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