24 de agosto de 2025
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Eduardo Bolsonaro não deve perder mandato por faltas mesmo longe da Câmara, indica regra interna

 Eduardo Bolsonaro não deve perder mandato por faltas mesmo longe da Câmara, indica regra interna

Foto: Saul Loeb/AFP

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Mesmo vivendo nos Estados Unidos e sem previsão de retorno ao Brasil, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) não deve perder o mandato por faltas em 2025. A possibilidade de permanência no cargo está respaldada por normas internas da Câmara dos Deputados, como destaca reportagem do Jornal de Brasília.

De acordo com o artigo 55 da Constituição Federal, parlamentares que faltarem a um terço das sessões ordinárias sem justificativa podem ter o mandato cassado. No entanto, um Ato da Mesa Diretora da Câmara (nº 19/2017) estabelece que o relatório com o controle de frequência só é analisado a partir de 5 de março do ano seguinte ao exercício parlamentar. Com isso, qualquer eventual punição a Eduardo por ausência só seria avaliada em março de 2026.

Segundo dados da Câmara, Eduardo Bolsonaro faltou, até o momento, a 21% das sessões deliberativas de 2025 (4 de 19), durante o tempo em que esteve oficialmente em exercício. O parlamentar esteve licenciado de 20 de março até 19 de julho para tratar de assuntos particulares — período em que as faltas não são computadas.

Regimento prevê ampla defesa

O regimento interno também estabelece que qualquer deputado ou partido pode provocar a Mesa da Câmara a abrir processo por faltas, mas isso deve seguir os trâmites do Ato da Mesa e garantir ampla defesa ao parlamentar. A assessoria da Câmara informou ao Jornal de Brasília que o início da contagem formal de faltas só é permitido ao final do ano legislativo, a partir de 23 de dezembro.

Essa regra foi aplicada recentemente no caso do deputado Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), preso em março e acusado de envolvimento no assassinato de Marielle Franco. O mandato foi cassado com base nas faltas acumuladas no decorrer de 2024.

Estratégias de defesa

Nos bastidores, o PL trabalha para assegurar a manutenção do mandato de Eduardo. Entre as alternativas, está a possibilidade de solicitar licença médica por abalo psicológico, hipótese que exigiria laudo de três médicos da Câmara indicando a impossibilidade de exercício do mandato.

O partido também cogita questionar interpretações constitucionais sobre o termo “sessão legislativa”, sugerindo que ele se refira a toda a legislatura (quatro anos), e não apenas ao ano corrente — o que aumentaria significativamente o número de ausências permitidas.

Eduardo Bolsonaro e sua família estão nos EUA desde o primeiro trimestre de 2025. Ele tem atuado politicamente no país em articulação com aliados de Donald Trump, inclusive defendendo sanções contra o ministro do STF Alexandre de Moraes.

Em transmissão recente nas redes sociais, o deputado reafirmou que não renunciará ao mandato e indicou que poderá mantê-lo por pelo menos mais três meses. Ele também afirmou que se preparou para bloqueios financeiros determinados por Moraes, e que não pretende recuar de sua atuação política.

Por Paraíba Master

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