Mercado reduz previsão de crescimento da economia brasileira em 2025, aponta Boletim Focus

Marcello Casal JrAgência Brasil
A projeção de crescimento da economia brasileira para 2025 sofreu leve recuo, segundo dados divulgados nesta segunda-feira (8) pelo Boletim Focus, do Banco Central. A expectativa do mercado agora é de uma alta de 2,16% no Produto Interno Bruto (PIB) no próximo ano — percentual inferior aos 2,19% estimados na semana anterior.
Para os anos seguintes, o cenário continua de expansão moderada, com projeções de crescimento de 1,85% em 2026 e 1,88% em 2027.
Os números refletem um ritmo de crescimento mais contido, apesar do desempenho positivo da economia no segundo trimestre de 2025. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o PIB avançou 0,4% entre abril e junho, atingindo o maior patamar da série histórica iniciada em 1996. Ainda assim, o resultado representa uma desaceleração frente ao crescimento de 1,3% registrado no primeiro trimestre do ano.
Inflação se estabiliza após 14 semanas de queda nas projeções
Após 14 semanas consecutivas de cortes nas expectativas, a estimativa para a inflação oficial em 2025 — medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) — se manteve em 4,85%, o mesmo percentual previsto na semana passada. Há um mês, a projeção era de 5,05%.
A previsão atual supera o teto da meta inflacionária estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que é de 3% ao ano, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo — ou seja, entre 1,5% e 4,5%.
Em julho, a inflação oficial ficou em 0,26%, pressionada principalmente pela alta nas tarifas de energia elétrica. No entanto, a queda nos preços dos alimentos pelo segundo mês consecutivo ajudou a conter o avanço do índice. No acumulado de 12 meses, o IPCA alcançou 5,23%, ultrapassando o teto da meta.
Para os próximos anos, a expectativa é de desaceleração: o mercado projeta inflação de 4,3% em 2026 e 3,94% em 2027.
Selic segue estável em 15% ao ano, mas cenário é de cautela
O Boletim Focus também manteve inalterada, pela 11ª semana consecutiva, a projeção da taxa básica de juros (Selic) para o fim de 2025: 15% ao ano. Para 2026 e 2027, a expectativa é de queda gradual, com estimativas de 12,5% e 10,5%, respectivamente.
Na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), realizada em julho, o Banco Central decidiu interromper o ciclo de alta da Selic, após sete aumentos consecutivos. A decisão foi influenciada pela desaceleração econômica e pela expectativa de arrefecimento da inflação.
No entanto, o Copom alertou para o aumento das incertezas externas, especialmente relacionadas à política econômica dos Estados Unidos, e não descartou a possibilidade de novos ajustes nos juros, caso a inflação volte a subir.
A Selic é o principal instrumento do BC para controlar a inflação. Juros mais altos encarecem o crédito, desestimulam o consumo e ajudam a conter a pressão sobre os preços. Por outro lado, taxas elevadas também podem frear o crescimento da economia.
Projeção para o dólar cai pela terceira semana seguida
A expectativa do mercado para o dólar ao fim de 2025 também foi revista para baixo pela terceira semana consecutiva. A nova projeção é de que a moeda norte-americana encerre o ano cotada a R$ 5,55 — abaixo dos R$ 5,56 estimados na semana passada e dos R$ 5,60 projetados há quatro semanas.
Para 2026 e 2027, o mercado mantém a previsão de que o dólar fique em R$ 5,60.
Resumo do cenário econômico:
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PIB 2025: previsão de crescimento de 2,16%
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Inflação (IPCA) 2025: mantida em 4,85%, acima da meta
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Selic 2025: estimada em 15% ao ano
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Dólar 2025: cotação projetada em R$ 5,55
Por Paraíba Master