França em fúria: posse de novo premiê é marcada por protestos em massa

Foto: Reuters
Em um cenário de forte tensão social e política, a França amanheceu nesta quarta-feira (10) sob uma onda de manifestações que se espalhou por várias cidades do país. O movimento popular batizado de Bloquons Tout (“Vamos Bloquear Tudo”, em tradução livre) lidera os protestos, que coincidem com o dia da posse do novo primeiro-ministro francês, Sébastien Lecornu.
Segundo informações da BBC News, milhares de manifestantes tomaram as ruas de Paris, Marselha, Bordeaux, Rennes e Montpellier, promovendo bloqueios, atos de desobediência civil e confrontos com as forças policiais. Em Paris, um grupo mascarado tentou invadir a estação de trem Gare du Nord e enfrentou forte repressão da polícia, com uso de gás lacrimogêneo. Um restaurante foi incendiado no centro da capital e, por segurança, estabelecimentos comerciais fecharam as portas antes do previsto.
O movimento, que ganhou força durante o verão europeu, é motivado por críticas aos cortes orçamentários de 44 bilhões de euros anunciados pelo ex-premiê François Bayrou. Entre as principais reivindicações estão o aumento dos investimentos em serviços públicos, taxação das grandes fortunas e o congelamento de aluguéis — além de pedidos diretos pela renúncia do presidente Emmanuel Macron.
Ao todo, até o fim da manhã, mais de 250 pessoas foram detidas, conforme revelou o ministro do Interior, Bruno Retailleau. Os atos, ainda que marcados por momentos de violência, permanecem relativamente controlados, segundo o governo. Apesar disso, a mobilização deixou clara a insatisfação de parte significativa da população com o cenário econômico e a condução política do país.
A chegada de Sébastien Lecornu ao cargo de primeiro-ministro não foi suficiente para acalmar os ânimos. Ele assume após a queda de Bayrou, derrotado por um voto de desconfiança no Parlamento. Lecornu, aliado de Macron, será o quinto chefe de governo francês em menos de dois anos e já enfrenta oposição declarada de partidos de esquerda e de direita, em meio a um Parlamento dividido.
No discurso de posse, Lecornu reconheceu o momento delicado e prometeu diálogo com partidos e sindicatos. “A crise política exige sobriedade e humildade. Teremos que ser mais criativos e mais sérios na forma como trabalhamos com a oposição”, afirmou o novo premiê, tentando sinalizar abertura em meio ao clima de instabilidade.
Por Paraíba Master