Voto de Cármen Lúcia pode ser decisivo para formação de maioria contra Bolsonaro no julgamento
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A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) retoma nesta quinta-feira (11), às 14h, o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e de outros sete aliados acusados de integrar o chamado “Núcleo 1” da tentativa de golpe de Estado investigada pela Corte. A expectativa é que o voto da ministra Cármen Lúcia, previsto para hoje, seja decisivo para a formação da maioria pela condenação do ex-mandatário.
Até o momento, o placar está em 2 a 1 contra Bolsonaro. Os ministros Alexandre de Moraes, relator do caso, e Flávio Dino votaram pela condenação na sessão da última terça-feira (9). Já o ministro Luiz Fux divergiu e defendeu a absolvição do ex-presidente — embora tenha reconhecido a culpa de dois outros réus, Mauro Cid e Braga Netto.
A posição de Cármen Lúcia é considerada estratégica. Fontes próximas ao processo acreditam que ela deve acompanhar o relator, repetindo o voto duro que proferiu ao aceitar a denúncia em março, quando criticou duramente a articulação golpista.
Caso o voto da ministra confirme as previsões, a Primeira Turma terá maioria para condenar Jair Bolsonaro por crimes como tentativa de golpe de Estado e organização criminosa armada.
Panorama do julgamento
O processo julga os primeiros oito investigados por envolvimento em uma suposta trama para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, após a derrota de Bolsonaro nas eleições de 2022. Os réus enfrentam acusações que incluem:
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Organização criminosa armada
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Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito
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Golpe de Estado
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Dano qualificado com violência e ameaça grave
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Deterioração de patrimônio tombado
Além de Bolsonaro, estão no banco dos réus:
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Mauro Cid (ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e delator)
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Walter Braga Netto (ex-ministro da Casa Civil e vice na chapa de 2022)
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Anderson Torres (ex-ministro da Justiça)
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Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa)
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Augusto Heleno (ex-GSI)
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Almir Garnier (ex-comandante da Marinha)
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Alexandre Ramagem (ex-diretor da Abin e hoje deputado federal)
Fux, em seu extenso voto de mais de 13 horas, propôs a anulação do processo, alegando “incompetência absoluta” do STF para julgar os réus, já que nenhum deles ocupa atualmente cargo com prerrogativa de foro na Corte. A tese, porém, foi rechaçada por Moraes e Dino, que mantiveram o entendimento sobre a competência do Supremo.
Mesmo com sua proposta de anulação rejeitada, Fux avançou no mérito e votou pela condenação de Mauro Cid e Braga Netto, mas pediu a absolvição dos demais acusados — inclusive Bolsonaro.
Situação de Alexandre Ramagem
Por exercer mandato parlamentar, Alexandre Ramagem teve parte das acusações suspensas. A decisão seguiu o que determina a Constituição, que exige aval da Câmara para responsabilizar deputados por atos cometidos após a diplomação. Ele responde apenas por três dos cinco crimes originalmente imputados.
A sessão desta quinta-feira pode definir o futuro judicial de Jair Bolsonaro e marcar um divisor de águas no julgamento da tentativa de golpe. Com o voto de Cármen Lúcia, o STF pode consolidar a primeira condenação penal do ex-presidente no Supremo.
Por Paraíba Master