17 de setembro de 2025
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Câmara dos Deputados derruba voto secreto em processos criminais contra parlamentares por falta de quórum

 Câmara dos Deputados derruba voto secreto em processos criminais contra parlamentares por falta de quórum

Fonte: Agência Câmara

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Em uma votação realizada na madrugada desta quarta-feira (17), a Câmara dos Deputados rejeitou, por insuficiência de votos, a manutenção do voto secreto em decisões sobre a abertura de processos criminais contra senadores e deputados. A medida fazia parte da chamada PEC da Blindagem, que estabelece novas regras sobre a responsabilização penal de parlamentares.

Embora 296 deputados tenham votado a favor da manutenção do voto secreto, o número não foi suficiente para garantir sua permanência no texto da Proposta de Emenda à Constituição. Eram necessários ao menos 308 votos — 12 a mais do que o registrado. Com isso, foi aprovado o destaque apresentado pelo partido Novo, que excluiu a palavra “secreto” do trecho em análise.

O bloco que se posicionou a favor do voto secreto foi formado por partidos como PL, União Brasil, PP, PSD, Republicanos, MDB, PSDB, Cidadania e Podemos. A oposição também apoiou a proposta. Por outro lado, legendas como PT, PSOL, Rede e Novo orientaram suas bancadas contra o sigilo nas votações desse tipo. O governo optou por liberar a bancada, e outros partidos não se posicionaram formalmente.

Durante o debate, o líder da oposição, deputado Cabo Gilberto Silva (PL-PB), defendeu o sigilo como forma de proteger os parlamentares de eventuais pressões externas. “Se alguém quiser mostrar como votou, é só ir lá e dizer. Ou filmar o voto”, argumentou.

Em contrapartida, o deputado Helder Salomão (PT-ES) afirmou que o voto aberto é uma exigência ética de transparência: “O eleitor precisa de sigilo para votar com liberdade. Já o parlamentar tem o dever de prestar contas e mostrar seu posicionamento”.

O que é a PEC da Blindagem

A proposta de emenda à Constituição prevê que deputados e senadores só poderão ser processados criminalmente se houver autorização da respectiva Casa Legislativa no prazo de até 90 dias após o recebimento da denúncia pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Além disso, casos de prisão em flagrante por crimes inafiançáveis — como homicídio e estupro — também dependerão de aval do Congresso em até 24 horas.

O texto-base da PEC foi aprovado em dois turnos na noite de terça-feira (16), com ampla maioria. Os parlamentares também aprovaram uma quebra de interstício — ou seja, a suspensão do intervalo mínimo regimental entre as duas votações exigidas para a aprovação de emendas constitucionais.

Outro ponto polêmico da proposta é a ampliação do foro privilegiado. A PEC garante foro no STF aos presidentes de partidos com representação no Congresso, ampliando a prerrogativa que hoje se restringe a cargos como o presidente da República, parlamentares, ministros de Estado e integrantes de tribunais superiores.

Repercussões

A PEC ganhou fôlego no contexto da condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado, além de medidas cautelares e processos contra parlamentares envolvidos em atos golpistas após as eleições de 2022.

Críticos afirmam que a proposta dificulta a responsabilização de parlamentares suspeitos de envolvimento em esquemas de desvio de recursos públicos, como os relacionados às emendas parlamentares. Já os defensores alegam que a PEC representa uma salvaguarda contra eventuais abusos e perseguições políticas por parte do Judiciário.

Por Paraíba Master

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