13 de outubro de 2025
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Festival do Rio encerra 27ª edição com recorde de público e consagração do cinema brasileiro

 Festival do Rio encerra 27ª edição com recorde de público e consagração do cinema brasileiro

Foto: Divulgação

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O Cine Odeon, no centro do Rio de Janeiro, foi palco do encerramento da 27ª edição do Festival do Rio na noite deste domingo (12). Com apresentação dos atores Clayton Nascimento e Luisa Arraes, a cerimônia marcou o retorno dos prêmios de voto popular e destacou a força renovada do cinema brasileiro.

Ao longo de dez dias, o festival exibiu mais de 300 produções e recebeu cerca de 140 mil pessoas, alcançando recorde de público e reafirmando sua posição como um dos principais encontros audiovisuais da América Latina.

“É um espaço essencial para o nosso cinema e para o diálogo entre realizadores e o público”, destacou Ilda Santiago, diretora do festival.

Destaques da Premiação

O Troféu Redentor de Melhor Longa de Ficção foi entregue ao filme Pequenas Criaturas, dirigido por Anne Pinheiro Guimarães, que teve sua estreia mundial durante o evento. Inspirada por memórias da maternidade e da infância, a diretora celebrou a vitória com emoção: “Esse prêmio é da equipe inteira. É a realização de um projeto que começou há mais de uma década”.

O longa será lançado comercialmente no primeiro semestre de 2026, com distribuição da Filmes do Estação. Segundo a distribuidora Adriana Rattes, a recepção positiva do público durante as sessões foi determinante: “O filme chegou com discrição, mas emocionou quem assistiu”.

Estreias e reconhecimento

A atriz Tainá Müller estreou na direção com o documentário Apolo, codirigido por Ísis Broken, e levou o prêmio de Melhor Documentário. A produção aborda diversidade e representatividade, e foi celebrada por Tainá como um passo importante na sua trajetória artística. “Sempre quis ter uma voz autoral. Esse prêmio simboliza essa conquista”, afirmou.

O longa Ato Noturno, de Marcio Reolon e Filipe Matzembacher, foi outro grande vencedor da noite, recebendo os prêmios de Melhor Roteiro e Melhor Filme Brasileiro no Prêmio Félix, voltado à temática LGBTQIA+.

Gabriel Faryas, por sua atuação em Ato Noturno, e Klara Castanho, protagonista de #SalveRosa, foram eleitos Melhor Ator e Melhor Atriz, respectivamente. Já Ana Flavia Cavalcanti venceu como Melhor Atriz na mostra Novos Rumos por Criadas, em um discurso emocionante: “Minha mãe fez muita faxina para eu estar aqui. Esse prêmio também é dela”.

Representatividade e homenagens

A noite também foi marcada por homenagens e discursos que reforçaram a importância da diversidade. Diva Menner, premiada como Melhor Atriz Coadjuvante por Ruas da Glória, dedicou o prêmio às travestis negras que vieram antes dela: “Ganhar esse prêmio é honrar minhas ancestrais que não tiveram oportunidade de chegar aqui”.

Leandra Leal e Ângela Leal receberam o Prêmio Especial do Júri pelo filme Nada a Fazer. Emocionada, Leandra definiu a obra como “uma declaração de amor à minha mãe e à fé na arte como forma de transformação”.

O documentário Cheiro de Diesel, de Natasha Neri e Gizele Martins, venceu o Prêmio Especial do Júri e também foi o favorito do público na categoria.

Presença feminina e futuro do cinema

A edição de 2025 foi marcada por forte presença de mulheres na direção, com nomes como Suzanna Lira (#SalveRosa), Mini Kerti (Dona Onete – Meu Coração Neste Pedacinho Aqui) e Cíntia Domit Bittar (Virtuosas). Suzanna, vencedora do Voto Popular de Melhor Longa de Ficção, relembrou o impacto de prêmios anteriores na carreira: “Há 15 anos, ganhar com Positivas mudou minha vida. Ver esse carinho do público novamente é uma alegria imensa”.

Nos bastidores, o clima foi de otimismo e renovação. Para a assessora de imprensa Anna Luiza Müller, que atua no setor desde os anos 1990, o momento é promissor: “A energia em torno do cinema brasileiro voltou com força. O desafio agora é manter o ritmo e ampliar o alcance das produções”.

Mostra internacional e voto popular

Além do foco nas produções nacionais, o festival também premiou filmes internacionais por meio do voto popular. O Prêmio Félix Internacional foi entregue à comédia australiana A Sapatona Galáctica (Lesbian Space Princess), enquanto o documentário brasileiro Copacabana, 4 de Maio, de Allan Ribeiro, também foi reconhecido na mostra internacional.

Vinícius de Oliveira, protagonista de Central do Brasil, marcou presença com o longa internacional Quase Deserto, filmado em Detroit. “Voltar ao festival tantos anos depois me emociona. O amor pelo cinema brasileiro permanece o mesmo”, declarou.

Festival como espaço de resistência

Para a diretora Walkiria Barbosa, o Festival do Rio vai além da exibição de filmes: “É uma celebração da arte, mas também um espaço de resistência cultural e de encontro entre gerações”.

A 27ª edição reforçou a pluralidade e o poder transformador do audiovisual brasileiro, em um cenário de retomada e afirmação da identidade cultural nacional.

Por Paraíba Master

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