10 de setembro de 2025
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Fux afirma que STF não faz “juízo político” em julgamento sobre trama golpista envolvendo Bolsonaro

 Fux afirma que STF não faz “juízo político” em julgamento sobre trama golpista envolvendo Bolsonaro

Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

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O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou nesta quarta-feira (10) que a atuação da Corte não se pauta por avaliações políticas, mas por critérios legais e constitucionais. A declaração foi feita durante a retomada do julgamento de oito réus acusados de envolvimento em uma tentativa de golpe para manter Jair Bolsonaro no poder, mesmo após a derrota nas eleições de 2022.

“Não cabe ao STF decidir o que é conveniente ou apropriado do ponto de vista político. Nosso papel é definir o que é legal ou ilegal, constitucional ou inconstitucional”, declarou Fux ao abrir seu voto. Segundo ele, o julgamento exige “objetividade, rigor técnico e minimalismo interpretativo” para não confundir o papel do juiz com o de um agente político.

O magistrado também ressaltou que a mesma cautela que orienta a atuação constitucional do Judiciário deve ser aplicada no campo penal. O voto de Fux marca sua estreia no julgamento do caso, após os ministros Alexandre de Moraes (relator) e Flávio Dino já terem se manifestado favoravelmente à condenação dos oito acusados por todos os cinco crimes imputados pela Procuradoria-Geral da República (PGR).

No entanto, Fux adiantou que apresentará divergências tanto em aspectos processuais quanto no mérito. Uma delas é sua avaliação de que o STF não seria o foro competente para julgar o caso, defendendo que a análise deveria ocorrer na primeira instância da Justiça Federal. O ministro alertou que seu voto será extenso e detalhado.

Quem são os acusados

Entre os réus estão o ex-presidente Jair Bolsonaro, ex-ministros e militares de alta patente que integraram seu governo:

  • Jair Bolsonaro – ex-presidente da República

  • Alexandre Ramagem – deputado federal e ex-diretor da Abin

  • Almir Garnier – ex-comandante da Marinha

  • Anderson Torres – ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do DF

  • Augusto Heleno – ex-ministro do GSI

  • Paulo Sérgio Nogueira – ex-ministro da Defesa

  • Walter Braga Netto – ex-ministro da Defesa e ex-candidato a vice

  • Mauro Cid – ex-ajudante de ordens de Bolsonaro

Crimes imputados

Os réus enfrentam acusações de:

  • Organização criminosa armada

  • Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito

  • Golpe de Estado

  • Dano qualificado pela violência e grave ameaça

  • Deterioração de patrimônio tombado

A exceção é Alexandre Ramagem, que, por exercer mandato parlamentar, teve parte das acusações suspensas em função do foro privilegiado. Ele responde a apenas três dos cinco crimes listados, ficando de fora das imputações relacionadas aos atos de 8 de janeiro, por determinação constitucional.

O julgamento segue na Primeira Turma do STF, e ainda não há previsão para sua conclusão.

Por Paraíba Master

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